A suspensão da eleição do Conselho Tutelar de Bagé, após denúncias de irregularidades por candidatos foi uma decisão do Comdica e 2ª Promotoria de Justiça Especializada de Bagé apresentada na tarde de terça-feira (08), por nota e o documento assinado pela presidente do Comdica Ildamar Martinez, a promotora de Justiça, Marlise Martino Oliveira, Ana Maria Montezano Gonsales Martins da Silva e Lélia Lemos de Quadros, integrantes da comissão eleitoral representando o Comdica, e Márcia Rochinhas, que integrou a comissão representando a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Ou seja, a decisão foi de um colegiado sobre a situação de quatro candidatos, conforme apurado pela reportagem de Fábio Schaffner da Gaúcha/ZH o Ministério Público (MP) investiga possíveis casos de propaganda irregular, transporte de eleitores e abuso de poder político envolvendo a atual gestão municipal..
Peça de denúncia
Uma das peças em análise na Promotoria da Infância e da Juventude é o áudio que circula nas redes sociais onde o prefeito Divaldo Lara fala com presidente da Câmara, vereador Esquerda Carneiro (PTB).
— Hoje foi um dia que nós mostramos para o PT a nossa força. Dos cinco conselheiros, quatro nós elegemos. São nossos, do nosso time, do time do bem. É uma demonstração e uma prévia do que vai ser o ano que vem. Nós vamos para cima dele —trecho do áudio.
Para entender
Em Bagé desde o resultado passado oficialmente pelo Comdica foram várias as manifestações pelas redes sociais em tom de denúncias sobre a força do poder econômico e político intervindo no resultado do pleito.
Conforme até agora apurado, dos cinco eleitos, apenas Felipe Dourado, segundo colocado, tem uma situação mais branda, isto porque não foi ligado ao grupo político de Divaldo. Os demais Suzete Lara, Guto Moreira, Cristina Nunes e Cláudio Rodrigues estão com as candidaturas sob investigação. O caso de Cristina, que as informações não foram desmentidas até agora, é detentora de cargo em comissão em um centro para idosos no município, Cristina teve a candidatura impugnada e concorreu Sub judice.
Os candidatos sob suspeição estão sendo notificados e terão cinco dias para apresentar defesa prévia à Comissão Eleitoral nomeada pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Eventual ação judicial posterior poderá ser ajuizada na Vara de Infância e Juventude do município.
Resposta de Divaldo
Como nossa reportagem não conseguiu contato com Divaldo Lara, apresentamos na integra a sua postagem em rede social onde apresentou suas respostas aos questionamentos enviados pelo repórter Fábio Schaffner, do jornal Zero Hora, sobre as eleições do Conselho Tutelar em Bagé.
Divaldo Lara: Introdução
Em Bagé há uma guerra política. Desde que tiramos o PT do poder, que governou Bagé por 16 anos, há essa inconformidade com a derrota. Desde 2015, quando perceberam a hipótese de perder as eleições municipais vêm buscando continuamente a judicialização, utilizando qualquer fato para justificar suas derrotas, o que inclui o insucesso de seus aliados, também para o Conselho Tutelar.
Fábio Schaffner: O sr. atuou na eleição?
Divaldo Lara: Não atuei, nem sequer votei nesta eleição. A comemoração, posterior ao resultado final, que fica evidente no áudio, refere-se ao sucesso de pessoas que não são do PT, que torcem pela cidade e que enxergam os progressos, inclusive no cuidado e proteção às crianças, como o recente lançamento do lar que abriga, juntos, irmãos, meninos e meninas.
Fábio Schaffner: A máquina da prefeitura foi utilizada?
Divaldo Lara: Como afirmei, não participei deste pleito, não votei e sequer estou no comando do município atualmente, o que refuta essa possibilidade.
Fábio Schaffner: Como o senhor vê mais essa suspeita de abuso de poder político?
Divaldo Lara: É o que têm feito os nossos adversários do PT, PSOL desde que iniciamos o governo. Criam suspeições, se utilizando de mecanismos externos para tentar consolidar os inúmeros denuncismos apresentados, arquivados por inconsistência. No caso específico da eleição do Conselho Tutelar, os membros do Conselho que recebem e avaliam essas denúncias, são filiados petistas, conforme mostram os documentos em anexo.
Redação GJ