A entrevistada de hoje da coluna Damas da Bola é a volante tricampeã Gaúcha Carol Sangue de 32 anos de idade que defende há três temporadas a forte equipe do Oriente de Canoas, Carol é uma atleta apaixonada por futebol formada em Educação Física, que divide seu tempo entre cuidar do Leonardo seu filho que nasceu no final de 2019, treinar com o Oriente e dar aulas de futebol na Escolinha Conveniada do Grêmio, atleta muito inteligente com opinião formada que conhece como poucas a realidade do futebol feminino no estado, Carol já disputou 10 campeonatos Gaúchos chegando a seis finais, com certeza em atividade é uma das atletas mais vitoriosas do Rio Grande do Sul e se depender dela tem mais conquistas ainda pela frente, mas na entrevista abaixo Carol mostra que tem muitas coisas mais importantes que levantar um caneco, são valores sentimentais e de laços de amizades muito fortes, que mostram o quanto Carol é diferenciada dentro e fora de campo sendo uma liderança muito positiva no Oriente.
Com que idade você começou a jogar futebol?
Jogo desde os sete anos. Em escolinha comecei com nove pra dez, era aqui no meu Bairro Partenon.
Quais clubes você já jogou futebol de campo?
Internacional 2011 e 2017
Porto Alegre 2010
Duda/Canoas 2013 a 2016
Oriente desde 2018
Quantos Campeonatos Gaúchos você já jogou?
Jogo o Gauchão desde 2010 então já são 10 Campeonatos.
O que significa pra você jogar no Oriente?
O Oriente foi a melhor coisa que me aconteceu no futebol. Me devolveu o amor pelo futebol que havia perdido devido algumas circunstâncias em 2017. Oriente é muito mais que um time, é uma família, na qual levarei pra sempre no meu coração. Sou Oriente até morrer.
E atuar pelo Internacional no retorno do futebol feminino em 2017, como foi?
Foi uma experiência gigante que eu precisava passar, pois era um sonho jogar em um time grande. Me mostrou muitas coisas, principalmente a minha força e vontade. Eu trabalhava, treinava e estudava. Passei por muitos altos e baixos, mas foi com apoio da minha família e de alguns amigos, Oriente e Feitoria( time de futsal de São Leopoldo que joguei em 2018) que me fizeram seguir em frente e devolveram o amor pelo futebol.
Qual foi o jogo inesquecível até hoje em que jogou?
Pra mim os melhores jogos são contra o Brasil de Farroupilha. Eu tenho um grande respeito por esse time, pois sei a luta que elas têm, igual a nós do Oriente.
E de todos o mais marcante foi o de 2018, que jogamos em casa, quem passasse jogaria contra o internacional. Perdemos aquele jogo, mas o ganhamos foi além, amigos que se tornaram irmãos, um time que se tornou uma família. Foi dolorido a forma que perdemos, mas foi essa dor que nos uniu para querer mais.
Carol você é formada em Educação Física, trabalha em alguma escolinha?
Sou formada em Educação Física e trabalho como Professora de futebol na escola conveniada do Grêmio, Zona Norte no Centro Esportivo Rodrigo Mendes.
Fora do futebol qual a rotina da Carol Sangue?
Agora é a rotina. Mamãe Sangue. (risos) ‘tá sendo maravilhoso. Meu sonho sempre foi ser mãe. E graças a Deus fui abençoada.
No futebol feminino quais jogadoras você é fã?
As que jogam ao meu lado no Oriente. Pois todas têm que se virar em mil, pra conseguir jogar e viver. Futebol Feminino é pequeno ainda. Só valorizam clubes e olhe lá. Falam no clássico grenal, mas é porque nunca viram o melhor clássico Brasil x Oriente. Isso é clássico.
Qual a situação mais engraçada que você lembra das viagens para jogar no interior ?
Situação: Viagem para Candiota em 2018, acho que levamos umas seis ou sete horas de viagem. Não aguentávamos mais, parecíamos o filme do Shrek, indo pra tão distante. Chegamos lá, não tinha aonde se fardar direito, fardamos no ônibus, mas o principal antes da partida veio a tona.... Usar o banheiro para número dois. Era eu e mais duas do time que sempre fazíamos, daí não tinha....Resumindo, batemos na porta de um vizinho do campo, pedimos para ir no banheiro, de três gurias, quase o time todo usou o banheiro. Ou seja “ estragamos a porcelana dele” de tanto número dois (risos). Tiramos ele de casa, ele ficou na rua até todas usarem. Tiozinho muito legal, só não sei se ele emprestaria de novo, porque o estrago foi grande (risos), mais importante que jogamos
Quais medidas a Federação Gaúcha poderia tomar para ajudar no crescimento do futebol feminino principalmente nas equipes consideradas pequenas?
Primeiro não deixar participar a dupla Grenal, porque daí já sabe quem são as finalistas.
Segundo: Valores.. Cada jogo a equipe gasta uns R$ 5 mil. Isso em casa, imagina jogo fora, com viagens.
Terceiro: Mais divulgação, marketing.
Quarto: Mais organização, mais pessoas pensando na valorização do feminino do que em ganhar dinheiro.
Quinto: Arbitragem, sofremos muito com arbitragens locais, que parece “temer” o que pode acontecer caso dê algo contra o time da casa...
Ano passado você se tornou mãe um sonho seu, como foi acompanhar o Oriente de fora de campo?
Foi duro (risos), principalmente aquela final contra nosso clássico rival. Queria tanto estar dentro de campo. Mas não vai faltar oportunidade. Agora posso ter os dois , meu filho e meu futebol.
E o seu Marco Aurélio Maia o que representa pra você e para o Oriente?
Nossa, falta palavras. Ele é o cara! Nosso pai, nosso veinho. Vovô do meu filho. Ele é incansável na luta pela valorização do futebol feminino. Ele é muito mais que um diretor, treinador, ele é um protetor. Sempre de bem com a vida, sempre apoiando nossas loucuras, sempre nos incentivando. Se deixar, fico falando o resto da vida sobre ele (risos), ele é demais. Ele é o melhor. Nosso veinho.
Quantos títulos você tem de Campeonato Gaúcho?
São três títulos até hoje.
2010- Fomos desclassificados por erro do nosso técnico jogando pelo Porto Alegre
2011- Vice com o Internacional
2012-Foi estranho, fizeram a Copa RS e outra tipo o Gauchão
2013- Vice perdemos para o Atlântico com o Duda/ Canoas
2014- Vice perdemos para o 11 Unidos com o Duda/ Canoas
2015-Campeão com o Duda/ Canoas
2016- Campeão com o Duda/ Canoas
2017- Campeão com O Internacional
2018- Terceiro Colocado com o oriente
2019- Vice Campeã do Interior com o Oriente
Você joga futebol de sete pelo Grêmio é uma modalidade que está crescendo?
Jogo sim. Futebol sete está crescendo. Eles valorizam muito o futebol feminino. Tem uma entidade chamada Futebol Sete Brasil. Ela é responsável pelo projeto de alavancar e desenvolver o futebol sete. Proporcionando inúmeros campeonatos e também as seleções brasileiras de fut7. Ano Passado fomos jogar a Liga das Américas no Uruguai. Foi um evento muito bem organizado e uma experiência inesquecível.
Quantas vezes por semana o Oriente treina?
Treinamos sexta-feira e domingo somente. Fechamos uma parceria com estúdio de funcional Starke, aonde podemos treinar em outros dias, a parte física.
A Carol Sangue mãe do Leonardo é casada e ama o futebol nos fala um pouco sobre isso?
Sou apaixonada por futebol. Minha vida é futebol. Conheci meu marido por causa do futebol, eu sempre joguei com homens e daí ele me convidou para jogar com ele. Minha profissão é por causa do futebol, sempre amei crianças e futebol...Daí juntei os dois. Futebol é um meio, ‘meio sujo’, mas dá pra tirar coisas boas dali, sempre digo que o importante é amizade e os momentos que tu construiu com ele. Tenho uma tatuagem de bola de futebol na minha panturrilha, nela eu mesma fiz a frase:
“Não existe derrota onde ganha-se família e amigos”..
E meu grande amigo Xandi me ensinou outra frase que também uso muito.
“A bola passa, amizade é pra sempre”.
Então levo isso comigo. Um caneco é apenas um objeto perto de tudo que se passa para tentar conquistar ele.
Ficha Técnica
Nome: Carolyne da Rocha Capistrano
Idade: 32 anos
Posição : Volante
Peso:77kg
Altura: 1, 79
Clubes: Porto Alegre, Internacional, Duda/ Canoas e Oriente
Por: Cléo Moura
Redação GJ