Em recente fala, Francisco afirma – “o evangelho nos pede para ser povo de Deus e não elite de Deus” O pontífice refere-se a hipocrisia da humanidade ou de alguns católicos que por terem um poder aquisitivo mais elevado, acham-se donos do mundo, mais que os outros e donos da verdade – tanto que, de forma velada e não tão velada assim, defendem governos como Bolsonaro e Trump – governos genocidas e excludentes, quase escravagistas.
De nada adianta ir a missa e comungar, pois ao sair do templo ignora o morador de rua, o mendigo e menospreza o pobre. A igreja não é lugar para ricos, mas para o povo de Deus – tenham ou não poder aquisitivo. Quem quiser mostrar status que vá para outro lugar.
Muitos templos têm vitrais, bancos e imagens construídas com doações dos fiéis – muitas vezes enxergamos escrito - doação do fulano de tal. Como assim? Doou por que quis, ninguém o obrigou; quer ser mais que os outros? Quer viver de aparência? Quer ser idolatrado e admirado? Isso é o pecado da vaidade. O evangelho nos ensina que o que a mão direita faz, a esquerda não tem que saber.
O Papa afirma em seu texto o seguinte: “Um chamado pela justiça social para nosso planeta, sedento de dignidade”, que não se pode dar “sem nos basearmos no povo”. E desde o Evangelho, “o que a nós crentes em Deus nos pede é ser povo de Deus, não elite de Deus. Porque os que vão pelo caminho da ‘elite de Deus’, terminam nos tão conhecidos clericalismos elitistas que, até certo ponto, trabalham para o povo, mas não com o povo, sem se sentir povo”.
“Sugiro-lhes que, no momento de repensar as ideias da justiça social, o façam sendo solidários e justos. Solidários para lutar contra as causas estruturais da pobreza, a desigualdade, a falta de trabalho, de terra e de moradia”, explicou o Papa, recordando os três Ts (teto, terra e trabalho) e “lutando contra aqueles que negam os direitos sociais e trabalhistas. Lutando contra essa cultura que leva a usar os demais, a escravizar os demais, e termina em tirar a dignidade dos demais. Não esqueçam que a solidariedade, entendida em seu sentido mais profundo, é um modo de fazer história”.
“O direito à propriedade é um direito natural secundário, derivado do direito que todos possuem, nascido do destino universal dos bens criados. Não há justiça social que possa ser cimentada na desigualdade, que supõe a concentração da riqueza”, finalizou.
Para sedimentar o discurso – o próprio Papa deu exemplo, conforme a notícia do link abaixo:
O líder do mundo católico doou um prédio para abrigar e alimentar desempregados e moradores de rua – exemplo de desprendimento e de solidariedade. Evangelho colocado em prática.
Com isso, o papa diz que a concentração de riqueza e renda gera desigualdade, miséria e leva ao genocídio, pois muitos não têm nada enquanto poucos tem muito e, ao invés de compartilhar, querem, por ganância e avareza, adquirir mais e se sobrepor a quem tem pouco ou nada. A posteriori vão fazer desfile de moda nos templos, desejando ser admirados e idolatrados como senhores de tal.
O que Francisco nos pede é que façamos uma reflexão e coloquemos a mão na consciência – para que adquirir o mundo? Para que concentrar riqueza? Para que queimar florestas e despejar índios? Por que não ajudar e apoiar o MST? Por que não ceder um pouco de terra ao MST? Por que não ceder prédios governamentais abandonados ou imóveis particulares abandonados para os sem tetos? Lembrem-se da função social da propriedade. Por que não diminuir a carga horária dos trabalhadores e gerar mais emprego?
Lembremo-nos que não somos donos da terra que habitamos, lembremo-nos que não levaremos nada para o caixão. Lembremo-nos que viemos ao mundo para servir, ou seja, para ajudar nosso semelhante e compartilhar. Ao ajudarmos uma estrela a brilhar, certamente, a nossa ficará mais alegre. Uma coisa não anula a outra – o outro crescendo profissionalmente e adquirindo teto, terra e trabalho não vai fazer com que eu não. O brilho da estrela alheia não ofusca o meu.
Cristo uniu multidões ajudando, aconselhando e dividindo o que tinha para comer. Por que muitos falam em nome de Deus para excluir e praticar homofobia, machismo, racismo, perseguição? Lembrem-se que Herodes era a elite e perseguiu Jesus e cristãos em nome de Deus para não perder seu status e poder viver com o pecado do orgulho - desejo de ser admirado e endeusado.
Não sejam a nova versão de Herodes ou de Fariseus. Sejam o povo de Deus e não uma elite avarenta e gananciosa que peca por vaidade.
Por: Mauricio Campos