A entrevistada de hoje da coluna Damas da Bola é a lateral esquerda de 22 anos, Delaine Werlang Fattore que defende o Brasil de Farroupilha desde 2019. A sul-mato-grossense veio logo cedo para Caxias do Sul onde começou a dar os primeiros chutes com oito anos de idade nos campinhos do bairro Serrano, porém veio a inesperada e difícil perda do seu melhor amigo o Maikiel em 2012, nesse momento Delaine se sentiu sem chão, entrou em estado de choque e resolveu largar seu sonho de ser jogadora profissional. Em 2017 ela resolveu voltar a jogar futsal e em 2019 fez seletiva e entrou para o Brasil de Farroupilha, isso significou o renascimento dos sonhos de Delaine e uma forma também de homenagear seu amigo que sempre apoiou e viveu os sonhos junto com ela. Hoje Delaine disputa o Campeonato Brasileiro da Série A-2 e desfruta desses momentos que o futebol lhe proporciona, mas sempre trabalhando forte para evoluir, ela é aquela atleta que todos gostam de ter no grupo pelo alto astral e de apoio a suas companheiras sempre que necessário, pois hoje ela conseguiu superar seu momento mais difícil. Ela talvez não saiba, mas é uma vencedora, tem uma história de vida muito bonita de superação e isso também tem muito o dedo de uma pessoa especial em sua vida a Dona Silvana Werlang, sua mãe que sempre esteve junto nos piores dias, nunca lhe abandonou. Fugindo um pouco do Script vou dividir algo com vocês, entrevistar Delaine se torna algo muito agradável e prazeroso por ela transmitir algo muito bom, algo diferente de tudo que vivenciei no mundo da bola até hoje, por isso ela é tão querida dentro do elenco do time das castanheiras, ela tem uma humildade, vontade de viver e vencer que nunca tinha visto nada parecido antes, pela primeira vez me emocionei com uma entrevistada, precisava deixar esse relato para os nosso leitores, abaixo vocês vão conferir essa linda história de vida de Delaine, a menina que sonha e vive eles intensamente.
Com que idade Delaine você começou a dar os primeiros passos no futebol?
Caraca. Retrô total, foi com oito anos de idade, treinava no campo mesmo com os meninos do bairro em Caxias Do Sul e aos poucos fui buscando times femininos. Devido à perda de um amigo muito importante, entrei em estado de choque e havia largado e retornei desde então no futsal em 2017 com a Base Feminina Caxias do Sul e agora sou atleta do Apolo Futsal, minha segunda família.
Com que idade você deu uma parada de jogar e durou quanto tempo?
Com 14 anos em 2012, ano de falecimento do meu amigo e retornei em 2017 com a Base feminina no qual joguei um ano com elas, depois sai e fui pra equipe Apolo da qual represento o futsal feminino hoje.
Como aconteceu de você ir jogar no Brasil de Farroupilha?
Ano passado, uma companheira de nome Andressa, me chamou para fazer uma peneira no Serc Brasil de Farroupilha. Nossa, não estava muito confiante, mas dei meu melhor. É totalmente diferente a quadra que treinava para um campo (risos). Então de 20 atletas na peneira passaram seis e graças a Deus eu estava nessas seis aí, então comecei a resgatar aquele sonho de criança que eu e meu amigo falecido desenhávamos em nossas cabeças. Realizo o meu sonho por nós dois.
Você chegou a disputar o Campeonato Gaúcho em 2019?
Sim. Contra a João Emilio, entrei no segundo tempo. Ganhamos, mas não me recordo o placar. Retornar ao campo me deixa um pouco insegura, mas estou trabalhando isso, tenho muito medo de errar (risos) e penalizar o time.
É muito disputada a vaga de titular na lateral do Brasil?
Na verdade somos muitas meninas na lateral, acho que disputa não seria a palavra certa. Eu busco sempre incentivar todas da mesma forma e isso alimenta o meu eco e me da força para continuar melhorando, até porque eu tenho uma perna direita bacana e hoje treino forte na lateral esquerda, pela perna esquerda ter limitações.
Qual a sensação de ser campeã do interior?
Nossa. É muito gratificante, ver aquelas mulheres terem criado o feminino e cada uma que vem para agregar chega com a mesma energia, está junto com o mesmo propósito. E campeão do interior foi o primeiro passo para tudo o que ainda estamos criando. Nossa, passa uma reflexão dos treinos com tempo ruim, lesões, etc. De tudo aquilo que poderiam ser obstáculos, mas nós passamos por cima. Vemos que tudo valeu a pena.
Qual foi a sua melhor atuação com a camiseta do Brasil?
Olha. Acredito que todos os jogos que faço mostro um pouco mais do que venho trabalhando, tanto pelo clube quanto fora dele. Mas pra mim, os dois amistosos que fizemos em casa, antes do início do Brasileiro, foram minhas últimas melhores atuações.
Quais teus principais pontos fortes?
Sem dúvida é a minha dedicação e força de vontade conta muito, junto a domínio e passe.
Quais teus sonhos na sequencia da carreira?
Com a volta aos gramados, àqueles sonhos voltaram definitivamente, vestir a camisa da seleção pelo meu amigo, estar entre as melhores laterais esquerdas pra mostrar que quem não tinha nem um por cento de esquerda buscou estar entre as melhores.
De quais atletas você é fã?
Nossa. O Marcelo (lateral esquerdo do Real Madri) analiso muito ele pela proporção que ataca e defende e por estar entre os melhores laterais esquerdos.
E no futebol feminino?
Tamires pela dedicação, força de vontade, acabo pegando um pouquinho dos dois.
E como foi essa volta dos treinos do Brasil de Farroupilha?
Nossa estávamos com saudades dos treinos e das colegas, os treinos estão sendo muito produtivos e eu estou me sentindo mais confiante, acredito que logo, logo vou conseguir alcançar os nossos objetivos por mim e por esse clube que resgatou de mim um sonho de criança.
O professor Luciano chegou nessa temporada, como está sendo trabalhar com ele?
Muito produtivo, ele é um cara muito motivador, faz junto, explica, busca conhecer cada uma e explora cada atleta para que ela dê o seu melhor.
Você reside em Caxias do Sul além do futebol você estuda?
Sim. Sou estudante de direito na Universidade de Caxias do Sul, cursando o 8º semestre e sou estagiária no escritório de advocacia Santos/Bonetto da cidade. Estudo a noite e trabalho durante o dia.
Como fazer para treinar e estudar?
Pego minhas cadeiras da faculdade nos dias contrários dos treinos, também uso o vespertino. E o trabalho bom saio às 7h da manhã com minha bolsa dos fardamentos comigo e nos dias de treino vou direto pra Farroupilha.
Faltou algo que você queira acrescentar?
Acho que meus agradecimentos primeiramente a Deus, depois ao clube e a minha mãe Silvana Werlang que nunca desistiu de mim, na verdade minha família inteira e também gostaria de agradecer a vocês pela oportunidade, nossa eu contando um pouco mais sobre mim, serei eternamente grata. Mas minha mãe é meu ponto mais forte, por tudo que já passamos e ela merece. Também quero agradecer ao meu pai de hoje que enfim eu tenho um amor eterno, eu acho que ele merece também esse agradecimento porque me criou como se fosse filha, se chama Jeferson Toledo, foi o pai que não tive, me criou desde os 15 anos de idade dele, eu tinha seis: hoje ele tem 31 e eu 22 e pra mim ele é um exemplo como pai, não me deixa faltar nada, incentiva muito no futebol, vai me assistir quando tenho jogo, ele grita vai lá filha, os meus amigos que hoje olham nós dois dizem que não imaginam meu pai de verdade a não ser ele, ele e minha mãe me formaram a pessoa que sou hoje, foi o cara que bateu no peito e falou se tu quiser estudar tu vai pagar só teus estudos que o resto o pai vai te dar, e hoje tudo que eu me transformei eu acho que é como eu tivesse mostrado pra ele que tudo que ele fez por mim valeu a pena, uma troca, uma retribuição .
Ficha Técnica
Nome: Delaine Werlang Fattore
Idade: 22 anos
Peso:54 kg
Altura: 1,75
Por: Cléo Moura
Redação GJ