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Futebol Feminino

ALDEIA INDÍGENA PINHALZINHO: JOGADORA JOSIELE MORAIS BRILHA NOS GRAMADOS DO FUTEBOL FEMININO GAÚCHO

O futebol em sua aldeia é muito praticado e começa cedo na vida das crianças


Na apresentação do Brasil de Farroupilha em 2019 / Foto: Arquivo Pessoal

A entrevistada de hoje da coluna Damas da Bola é a volante do Brasil de Farroupilha Josiele Morais, nascida em Planalto interior do Rio Grande do Sul, ela começou cedo a se divertir com o futebol, pois Josiele é indígena da etnia Guaranida aldeia Pinhalzinho e dentro de sua tribo o futebol é muito praticado. Josiele mora e trabalha em Farroupilha e desde 2018 defende o Brasil de Farroupilha, ela é aquela volante que marca forte estilo herdado de suas origens indígenas e ajuda muito sua equipe nas roubadas de bola. Apaixonada pelo esporte começou sua carreira no futsal migrando para o campo em 2018, entrando para a equipe das Castanheiras, na entrevista abaixo vocês vão poder conferir essa história de vida incrível de Josiele Morais.

Como o futebol entrou na vida da Josiele?

Na verdade o futebol está na minha vida desde sempre lá em Planalto o meu pai é dono de um clube, então a gente cresceu brincando e jogando no campo do lado de casa. Meus pais ainda moram em Planalto na área indígena, porque eu sou indígena, acho que é legal salientar isso – sempre falo isso com muito orgulho. O futebol é muito forte dentro das aldeias indígenas. Uma das brincadeiras que, vamos dizer assim, se começa desde sempre, isto porque os pais já levam os filhos juntos para ver o futebol seja do amigo, do filho, do irmão: então vai a família inteira... Vai a comunidade inteira, então isto torna o futebol muito forte dentro da área indígena. Esse é um dos motivos que me levou a gostar do futebol. Cresci fazendo isso, primeiro futebol de campo, depois na escola com o futsal, depois sai de Planalto, fui morar em Rio Grande e lá comecei a jogar o futsal mais detalhado, com mais estrutura. Depois na vinda de Rio Grande quando terminei a faculdade cheguei em Farroupilha. Aí comecei a jogar pelo Brasil de Farroupilha aonde estou desde 2018. Participei do primeiro gauchão e vamos até  onde der.

Qual equipe de futsal você atuou em Rio Grande?

Em Rio Grande o Mayorka.

Qual foi tua melhor atuação pelo Brasil de Farroupilha?

Uma das melhores foi contra o Internacional em casa, onde na verdade todas as gurias deram o máximo do máximo para enfrentá-las, onde o internacional acabou ganhando de 2 x 0. Um dos primeiros jogos do Gauchão de 2018, mas ficou na memória pela garra e dedicação.

Você trabalha em quê?

Sou formada em Psicologia, especialista em saúde mental, mas não atuo na área ainda. Trabalho em uma vinícola, com enoturismo.

Como conciliar o trabalho e os treinos?

Nossos treinos são a noite, aí consigo bem tranquilo, mas em alguns jogos fora de casa, amistosos já não consegui participar por causa do trabalho.

O que o futebol significa para você?

Bom, como fez parte da minha vida desde sempre, considero o futebol não só como um esporte e sim algo que me faz sentir bem, não só fisicamente, mas principalmente mentalmente.

Qual sua tribo e em Planalto será que tem outras meninas talentosas surgindo?

Etnia Guarani. Acredito que sim, não só em Planalto, mas em todo lugar. Só falta um olhar diferente, oportunidades que vai aparecer muita guria talentosa por aí.

Você se considera uma volante mais marcadora ou aquela que sai mais para o jogo?

Depende muito do adversário. E o que o técnico nos auxilia, mas prefiro ter a marcação forte.

E como foi ser campeã do interior em 2019?

Um dos melhores momentos que passei com o futebol, uma conquista que gerou reconhecimento muito grande para nossa cidade, dando mais valorização ao futebol do interior. Uma das coisas mais importante foi que o time todo acreditou e queria esse titulo. E fomos em busca dele.

Tendo a Gil Vigolo como goleira, dá uma tranquilidade a mais para jogar?

Nossa com a Gil, nossa capitã lidera muito bem, centrada, chama atenção quando precisa, além de ser nossa muralha (risos).

Quando o Brasil de Farroupilha precisa ficar em algum hotel para os jogos, o clube paga as despesas como alimentação e hospedagem ou são as atletas que arcam com suas despesas?

Na verdade no ano passado a gente não precisou tirar nada do bolso. Então foi bem, mas fizemos rifa, promovemos almoço, tudo pra gente poder ter dinheiro pra viajar, – Foi com essa participação de todas as jogadoras que se conseguiu pagar algumas despesas.

Quando estava começando o primeiro jogo fora, em Chapecó, mais precisamente em Xanxerê, mas acabando em dormir em Chapecó, também não foi nada tirado do bolso das gurias e sim com o apoio do clube e seria mais isso, detalhes sobre isso eu não sei na verdade porque a gente vai jogar, só falam aonde a gente vai ficar, onde vai parar para comer, quanto se pode gastar, mas sempre com apoio do clube.

Quais jogadoras você mais gosta de ver atuando?

As jogadoras que eu mais gosto claro baseado na Seleção Brasileira é a Tamires, eu gosto muito do jogo dela, então acompanho bastante ela.

O que a Federação Gaúcha pode fazer para deixar o Campeonato Gaúcho mais competitivo?

Em relação à Federação Gaúcha acho que é preciso dar mais visibilidade para os times pequenos, quando se fala em Campeonato Gaúcho tanto masculino como feminino é Grêmio e Internacional que vem na cabeça, então acho que é preciso mudar essa visibilidade não só da Federação, mas do Estado inteiro que existe times pequenos, existe times do interior e que são capazes na verdade de conseguir, nós somos exemplos disso, então a gente começou do nada, do nada mesmo, só a partir de boa vontade, vamos participar do Gauchão, vamos ver o que que dá, e agora acredito que a  gente está correndo atrás e conseguimos né mais visibilidade e é isso que os pequenos times precisam fazer correr atrás, e acho que a Federação Gaúcha precisa olhar para esses times menores que estão indo com bastante força então, o incentivo não só visível, mas financeiro principalmente, porque muitos desistem porque não tem de onde tirar dinheiro e se não correr atrás como a gente fez não tem como custear as viagens, bancar os almoços: também nos treinos. Então é uma questão de visibilidade e incentivo.

Qual é a sensação de poder jogar uma Série A-2 do Brasileirão?

Nossa essa conquista da Série A-2 foi muito desejada, foi planejada na verdade desde quando a gente colocou na cabeça de ser campeã do interior, então foi uma conquista inexplicável e agora além do crescimento do futebol feminino é um desafio pra nós também como jogadoras que no Gauchão já enfrentando Grêmio e Internacional, duas grandes equipes e agora enfrentar ainda mais equipes fortes e preparadas e que já vem participando do Brasileirão. Então nossa primeira vez estando em uma Série A-2 é um grande desafio, foi apenas um jogo, mas já com grandes desafios e saímos com a vitória, mas é inexplicável é um grande desafio não só pra mim, mas também para o Brasil de Farroupilha em poder estar participando desse Brasileiro.

E vocês depois da vitória sobre a Chapecoense começaram a pensar em passar de fase no Campeonato Brasileiro?

Diante da vitória sobre a Chapecoense, claro foi uma grande vitória já assim para um primeiro jogo fora de casa ainda, mas foi o primeiro jogo naquele tempo, naquela época naqueles dias, nós já estávamos bem engajadas com os treinos, com preparo físico e agora a gente tem que parar pra pensar um pouquinho também de como a gente vai voltar, então vai começar tudo de novo  e pensar em passar de fase. Acredito que está na cabeça de todas as gurias sempre querer mais e mais, mas eu acho que nesse momento o pensamento está em poder voltar com condicionamento físico que a gente tinha antes, então o foco mesmo vai ser no retorno e preparação dos treinos, acredito que vai ser um desafio mesmo, passar por todos os times que a gente vai enfrentar, mas já deu com essa vitória da Chapecoense um gostinho de quero mais e mais e mais, então é esse o pensamento que eu tenho sobre isso, e acho que todas as gurias também.

Ficha Técnica

Nome: Josiele Luana Morais

Idade: 27 anos

Posição: Volante

Altura: 1,60

Peso: 60 kg

Por: Cléo Moura

Redação GJ

Damas da Bola Futebol Feminino Josiele Morais

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