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Futebol Feminino

“DAÍ SENTEI NO CHÃO E VIREI EM CHORO”, GABI FALANDO DA SUA REAÇÃO AO SER DESCOBERTA POR NOVELLETTO

Ela foi descoberta para jogar futebol profissional por acaso na praia de Jurerê em Santa Catarina


No Iranduba / Foto: Arquivo Pessoal

A entrevistada de hoje da coluna Damas da Bola é a meia campista Gabriele Silva (Gabi), atleta do Iranduba do Amazonas, a trajetória de Gabi é algo emocionante e com certeza daria um filme, ela foi descoberta por acaso numa manhã qualquer na praia de Jurerê em Santa Catarina pelo então Presidente da Federação  Gaúcha de Futebol Francisco Novelleto e levada para jogar no Grêmio que estava retornando com o futebol feminino, é algo quase que inacreditável, com certeza uma história linda demais e que poucos conhecem.

 Pelo tricolor gaúcho Gabi jogava na lateral esquerda atuando por três anos sendo  campeã gaúcha em 2018, já em 2020  Gabi resolveu aceitar o desafio de defender o Iranduba e atravessou o Brasil e chegou no Amazonas, lá ela mudou sua posição e passou a ser a armadora da equipe e cobradora oficial das bolas paradas atuando em quatro dos cincos jogos que a equipe fez no Campeonato Brasileiro Série A-1. Gabi com 23 anos sonha em um dia vestir a camisa da Seleção Brasileira e para quem estava quase largando o sonho de jogar futebol se tornou profissional pelo acaso da vida (lógico por ter o talento) isso mostra que nada é impossível, abaixo vocês vão conferir essa história maravilhosa.

Com que idade você começou a jogar futebol?

Não lembro com exatidão. Mas já andava chutando bola com dois, três anos. Minha primeira escolinha foi com oito anos, mas não participei por muito tempo. Fora isso fugia da minha mãe e ia pra rua jogar bola com meu irmão mais velho e os amiguinhos dele.

Um dos teus pontos fortes é a bola parada, você treina muito?

Eu gosto muito de treinar. Sempre que tenho espaço e no clube autorização eu treino.

Quantos títulos você tem na carreira?

Fui campeã Gaúcha em 2018 com o Grêmio.

Como aconteceu de você vir jogar no Grêmio?

Quando eu morava em Floripa eu tinha o hábito de ir jogar bola num areião que tinha na frente de casa com meus vizinhos sempre que chegava do trabalho. Numa terça-feira de folga resolvi levar eles pra praia. Bati na casa deles de manhã. Acordei eles e pedi pra mãe deles, já que nenhum tinha mais que 15 anos. Pra resumir.....Estávamos no Jurerê tradicional, brincando de se atirar do trapiche, num certo momento o vento virou e levou pras pedras uma das bolas que estávamos usando como bóia. Um senhor viu quando a bola parou nas pedras e pegou. Fomos para dizer que era nossa e tal, conversei um pouco com aquele pessoal que estava aproveitando a sombra e pedi se eles nos deixavam colocar as mochilas por ali. Então montamos dois golzinhos fechado, 2X2 e jogamos um bobinho. Não deu muito tempo pra eu ouvir de uma voz feminina alguns elogios. Passou mais uns cinco minutos e um senhor falou: “garota” e me chamou com a mão.

Perguntei se era eu e ele afirmou com a cabeça. Ele começou a conversar comigo e no primeiro momento eu estava meio sem entender. Ele me falou de um projeto do Profut. Até que o senhor me pegou e falou, você sabe com quem está falando e eu nem imaginava. Ele disse: “você está falando com o presidente da Federação Gaúcha”. Daí sentei no chão e virei em choro. Porque naquele momento eu vi que eu estava muito próxima de realizar um sonho. O Novelletto pegou meu contato e disse que íamos nos falando. Cléo eu fui de Jurerê até Vargem Grande caminhando e chorando. Quando eu cheguei em casa e peguei meu celular tinha uma mensagem dele. Um texto lindo pra caramba acabei perdendo por que troquei de celular, mas eu lembro que dizia “velha história, no lugar certo, na hora certa, com a pessoa acerta”. Liguei para minha mãe que estava em Carazinho e só chorava, porque dois dias antes eu tinha falado pra ela que ia largar a bola e ia procurar estudar, enfim, tenho pra te dizer Cléo que foi Deus que iluminou meu caminho, que pôs o grupo de pessoas certas, porque com certeza aquela moça que me elogiava deu um empurrãozinho no Novelletto (risos). Foi Deus quem mudou o vento quando estávamos no trapiche, ele falou que ele não garantia nada, mas que com certeza eu faria um grande teste. E é isso, acho que não esqueci nada. Ah, e na praia junto com o bobinho eu fazia embaixadinha. Tanto que cheguei no Grêmio eu não sabia nada da parte tática, mas firula e embaixadinha sabia várias (risos).

Como foi tua passagem pelo Grêmio?

Foi de muito aprendizado. Antes do Grêmio, eu só jogava na rua e no final de 2016 entrei pra um time muito bom de fut7. Mas foi no Grêmio que eu me adaptei a calçar chuteiras e tive minha base, com certeza o Grêmio agregou muito na minha trajetória.

E como aconteceu a negociação para ir jogar no Iranduba?

Foi através de um jornalista, que conheci através da torcida do Grêmio. Ele me abraçou e me ajudou a ir pra lá. Fez o vídeo que eu não tinha, conversou com o pessoal de lá e tal.

Qual o seu jogo mais importante na carreira?

Ah, acho que foi primeiro desse ano. Porque foi o meu primeiro como titular, joguei os noventa. Senti como era o Brasileiro A1. Então apesar de não ter tido um desempenho bom. Foi importante pra mim porque foi o meu primeiro passo, sabe.

Onde você mora? E qual a importância da tua família na tua carreira?

Antes estava morando em Manaus, em função do clube. Mas minha família no momento fica um pouco em Carazinho e um pouco em Florianópolis (risos). Meu irmão sempre me apoiou, minha mãe tinha muito medo do mundo sabe... Mas naquela tarde quando liguei para ela, ela viu que era sério. A mãe me levou pra me apresentar no Grêmio e tudo (risos). São muito importante, a família e o sonho nos movem. E nos momentos difíceis nos fortalecem.

Qual atacante mais te deu trabalho?

Agora tenho jogado como meia, mas a que mais me encheu o saco que corria para todos os lados foi a Vanessa do Cruzeiro(risos).

E como foi a mudança de posição, se adaptou bem?

Era uma posição que eu já tinha vontade de jogar. Mas como tinha zero experiência, naquele momento foi mais rápida a adaptação na lateral, e por ser canhota também. Mas era um desejo meu, jogar por dentro. Quando eu comecei a entender a parte tática começou a fluir muito bem, graças a Deus (risos).

Como é jogar um grenal?

É outro jogo. Muito intenso, natural, por ser um clássico.

Quais os sonhos da Gabriele?

Nesse momento mantenho os pés no chão. Quero me firmar na posição, fazer bons jogos e futuramente, quem sabe sair do país. Chegar a seleção, por que não? Dar uma condição melhor para minha família também.

Qual jogadora você mais gosta de ver jogando?

Gosto da Thamires do Corinthians, acho uma baita lateral.

Você se acostumou com o clima da Amazônia?

Demorei um pouco, é muito diferente. Isso que chegamos em Janeiro e eles diziam que aquela época era o “inverno” deles lá. Eu pensava meu Deus, no verão o que eu vou fazer (risos). E agora quando retornei para o Rio Grande do Sul estranhei bastante também.

O que precisa melhorar na estrutura do futebol feminino em geral?

Independente se feminino ou masculino, o esporte é futebol. O campo tem as mesmas dimensões, o tempo de jogo é o mesmo, o tamanho das traves, o tamanho da bola. O feminino precisa melhorar no quesito de estrutura de treinamento, materiais, profissionais qualificados. Uma idéia de alojamento eficaz. E a modalidade precisa tanto da parte da diretoria quanto da parte das atletas, se comportar como profissionais.

Ficha Técnica

Nome: Gabriele Barrozo da Silva

Idade: 23 anos

Peso: 57 kg

Altura: 1,66

Clubes: Grêmio 2017/2018/2019 Iranduba 2020

Por: Cléo Moura

Redação GJ

Damas da Bola Futebol Feminino Gabriele Silva (Gabi)

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