A Assembleia tirou a obrigatoriedade do plebiscito e a vontade do governador é vender a mineradora que é uma das marcas de Candiota
Ao tratar de Candiota se faz obrigatório tratar do carvão mineral e por conseguinte da Companhia Riograndense de Mineração (CRM). Não é possível esquecer dos fatos que ocorrem com a outra estatal Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica - Eletrobras CGTEE para seguir como empresa pública, mas por tudo que ocorreu no decorrer do ano consideramos dos fatos mais relevantes a situação de CRM como estatal e os mineiros como protagonistas, escolhendo o diretor do Sindicato Hermelindo Ferreira como representante de categoria tão aguerrida.
Hermelindo contou ao GenteJornal que o ano 2019 começou para os mineiros candiotenses no mesmo ritmo em que findou o ano 2018, quando saiu de cena o governo José Ivo Sartori (MDB) e iniciou o governo de Eduardo Leite (PSDB).
“Se por um lado ocorreu um período de vitórias frente às propostas de privatização de Sartori, não se repetiu após o resultado eleitoral do primeiro turno, quando foram para o segundo turno duas candidaturas com propostas idênticas em privatizar as empresas CEEE, Sulgás e CRM. Poucas chances ficaram em matéria de manter as nossas empresas estatais”, relata.
O fato em ser um novo governo, com uma composição de deputados na Assembleia Legislativa desfavoráveis a manter as empresas estatais e muito compactada com o governador passou por todas as etapas na tramitação e votação final como uma avalanche aos interesses do funcionalismo público e dos gaúchos que eram pela obrigatoriedade das estatais para serem vendidas passar por um plebiscito.
Hermelindo conta que desde o início do ano, os mineiros sabendo de todas as dificuldades, buscaram apoio do poder público de Candiota. Fato que receberam tanto dos vereadores, como do prefeito Adriano Castro dos Santos que não mediu esforços para ajudar, assim como seu secretariado.
“A gente via que dentro do plenário seria uma votação favorável ao Projeto de Emenda Constitucional retirando a necessidade de um plebiscito”, relata. “Nós passávamos em cada um dos gabinetes dos deputados. Conversando como sempre fizemos e os indicativos nos davam que o Projeto passaria como aconteceu em meados de abril”, complementa.
Hermelindo ressalta do trabalho coletivo e de unidade com os demais sindicatos e categorias do funcionalismo público. “Foi sempre um trabalho de grupo”, enfatiza, referindo-se ao fato que a demanda era em Porto Alegre, criando a obrigatoriedade do deslocamento.
Das iniciativas feitas Hermelindo aponta “Fomos pra dentro da Casa Civil”, afirma e complementa que na oportunidade encaminharam um documento montado pelos funcionários de Candiota com vários questionamentos [até hoje não receberam respostas: qual é o valor dessas ideias da empresa? O que faz com os funcionários? O que faz com as reservas de carvão?].
Desmonte da estatal
O sindicalista explica que durante o governo Sartori começou o desmonte em todas as empresas públicas. Especialmente na CRM. O modelo de contrato com CGTEE, na sua opinião, é um absurdo. “Durante o período 2015, 2016 que começa esse contrato: Ela produz no mínimo 170 mil toneladas de carvão por mês e um faturamento de 100 mil toneladas, 70 mil a custo de débitos do passado. “Débitos esses que foram, nosso ponto de vista, muito mal negociados pela parte da CRM”, afirma levando em consideração que a direção da CGTEE, na época, colocou uma condição que não permitia a sobrevivência da CRM. “Tudo tá se mostrando nos dias atuais”, dispara.
Venda da estatal
– Na nossa visão esse fato tem causado algum embaraço para o Governo conseguir vender a empresa nessas condições. São contratos que tem longo prazo, pelo menos até 2024. Quem compra tem que assumir os contratos. Então é uma condição bastante difícil - Pondera.
A CRM vem com déficit financeiro muito forte. Já o Sindicato faz um debate muito intenso nos acordos coletivos com integrantes do governo. O sindicalista afirma que o executivo gaúcho busca tirar, ainda, mais direitos. Prática vista pelo funcionalismo estadual. “O governador vem buscando enxugar a máquina e vem buscando tirar provento afim de que ao ocorrer demissões saia mais barato pro governo”, concluiu.
O tema CRM e o carvão mineral é um assunto agudo que mexe com a vida do candiotense que as decisões tomadas em 2019 vão dar desdobramentos em 2020.