DESAFIOS E NOVAS PERSPECTIVAS SOBRE EVANGELISMO NO AMBIENTE DE TRABALHO

As escrituras sagradas ensinam, em Marcos capítulo 16 versículo 15, que devemos, por orientação de Jesus, “ir por todo o mundo e pregar o evangelho a toda criatura”. Multiplicar a palavra de Deus e ser um disseminador das boas novas é um ministério universal, ordenança bíblica a todo o cristão. Nos tempos atuais, com o advento de meios de comunicação mais eficazes, esta tarefa parece mais fácil e cotidiana.

Mas, e quando a reflexão é sobre evangelizar no ambiente de trabalho, onde as pessoas convivem diariamente com o cristão e conhecem sua personalidade de perto? Por timidez, vergonha de falhar ou até mesmo medo de ser julgado,  grande parte das pessoas que tem uma vida cristã prefere ocultar sua fé ou simplesmente deixá-la do lado de fora da porta do ambiente de trabalho.

É comum a liderança da igreja cobrar com veemência no evangelismo constante, seja no ambiente familiar, com os amigos, na escola ou no trabalho. Uma culpa acaba sendo carregada por muitos que acreditam não estar cumprindo o “ide” por não pregar Jesus aos colegas.

O pastor Rafael Zanetti, da Igreja Templo da Fé e da Glória de Deus de Guajuviras e Canoas, que também tem sede em Bagé, chama a atenção para uma leitura diferenciada sobre o que é evangelizar no ambiente de trabalho. Ele sustenta que mais importante que verbalizar a crença, convidar insistentemente para as atividades da igreja ou levar ao local temas que podem causar polêmica a respeito do ponto de vista do cristão, é concentrar os esforços em mostrar aos colegas o amor de Cristo e o caráter Dele impresso em atitudes práticas e na forma de lidar com as questões no local de trabalho. “Sabe quando te dizem que você é diferente? Naturalmente as pessoas irão querer saber porque você tem determinadas posições e atitudes e verão em você o caráter de Cristo. Este é o evangelismo mais eficaz que existe”, avalia. 

O pastor aponta que hoje em dia se vê muitos encontrando barreiras para evangelizar, em especial a pessoas próximas. “Evangelizar é carregar dentro de nós o evangelho de Jesus. Fazer isso no trabalho não é impor um sistema religioso que se aprendeu, manias, rituais, enfim, doutrinas que fazem até mesmo com que as pessoas se afastem. Cristo trazia dentro dele e traz dentro das pessoas um amor muito grande pelo ser humano. Tanto que Jesus disse que o primeiro mandamento é amar a Deus sobre todas as coisas e o nosso próximo como a si mesmo. A maneira mais simples e eficaz de um verdadeiro evangelista no trabalho é conseguir com que as pessoas olhem para sua vida e vejam algo diferente, este amor que o mundo não oferece”, explica.

O líder religioso detalha que o amor de Deus implantado no coração de um ser humano é totalmente diferente do amor do mundo. “Uma pessoa que é de Deus, o próprio caráter dela, a vida dela, vai evangelizar o próximo naturalmente. O caráter de Cristo dentro dela vai fazer com que aquelas pessoas que estão a sua volta procurem ela por conta desta diferença. É lógico que não vamos conseguir agradar todo mundo, mas fica muito mais forte e é muito mais eficaz a convivência, o proceder, para surtir efeito evangelístico nas pessoas, do que o que eu aprendi como doutrina e a tentativa de implantar isso na mente dos meus colegas. O amor de Cristo supera qualquer preconceito, ele não tem barreiras, não levanta bandeiras, partido político, não tem qualquer preconceito racial e nem de qualquer outro tipo. O amor de Deus faz com que tenhamos facilidade de nos aproximarmos das pessoas e levar elas a Cristo. Só vai conseguir fazer isso quem realmente tem o caráter de Jesus”, acredita.

Dentro desta linha, o pastor afirma que, na sua opinião, não precisa reunir as pessoas do trabalho e pregar a Bíblia a eles se o próprio  evangelho está dentro de cada cristão, sendo demonstrado através das suas atitudes. “Este evangelismo que se faz na rua é muito rápido,. Não se tem tempo de conversar com as pessoas, por conta de estarem sempre apressadas. Muitas amassam o panfleto, não dão atenção porque já têm um preconceito com relação à igreja, então esse evangelismo passa. Mas quando convivemos com as pessoas, é aí que conseguimos evangelizar elas, não porque a gente fica todo dia convidando pra ir até a nossa igreja, mas porque demonstramos nas nossas atitudes o caráter de Cristo”, resume.

Como embasamento bíblico de sua forma de pensar o evangelismo, pastor Rafael cita os versículos 43 e 45 do capítulo 6 de Lucas, que dizem que “não há boa árvore que dê mau fruto, nem má árvore que dê bom fruto” e que “o homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do seu coração fala a boca”, respectivamente.  “Não tem como não evangelizar desta forma. Sem religião, sem placa, sem levantar bandeira nenhuma. Acredito que essa convivência, esta aproximação, é o que trará verdadeiros resultados”, finaliza.