Uma história que começou sem nenhuma pretensão, mas que tomou uma repercussão se transformando em uma voz na defesa do magistério
No momento onde o Rio Grande do Sul se depara com uma afronta a educação, sai de Candiota uma ferramenta de comunicação capaz de dar sua contribuição na defesa dos professores. Esse instrumento é o Grupo de Facebook Eu Apoio os Professores que hoje já soma mais de 44 mil membros ativos, motivados e participativos que se propaga em defesa do magistério gaúcho.
Uma das protagonistas deste feito é Lucelaine Ferreira Soares, ex-bancária aposentada do Banco do Brasil, reside em Candiota desde 2014.
Sobre a criação do grupo
Lucelaine conta que o grupo Eu Apoio os Professores do RS começou através de uma de suas postagens no Facebook, que, desta feita, em cerca de duas ou três horas uma das amigas que a ajudou a criar a contatou para que olhasse o numero de compartilhamentos da postagem. “Naquele momento passava de 1.500”, conta, lembrando que naquela oportunidade ficou assustada, porque se tratava de um desabafo, algo absolutamente despretensioso.
O fato pela repercussão foi discutido no grupo de WhatsApp de amigas [grupo esse de membros que em algum momento da vida já morou em Lavras]. “Este é o vínculo entre nós”, confidência.
Assim começou o grupo Eu apoio os professores do Rio Grande do Sul idealizado por Lucelaine e a professora de biologia Lucieli Marques, atualmente residente no Rio de Janeiro-RJ, a professora de matemática, Luísa Chiapetta Cabral, professora estadual no RS, residente em São Gabriel-RS e a engenheira agrônoma de formação Marta Bulcão, que atua como produtora cultural, e reside em Lavras do Sul.
Deste debate chegaram à conclusão que a sociedade naturalizou o descaso com a Educação e com a situação dos professores. Não sendo possível aceitar que o congelamento de salários, o atraso no pagamento, a perseguição de cunho ideológico, ataque à liberdade de cátedra, entre outros pontos continuassem ocorrendo sem ação prática.
Sendo abordado também sobre a falta de empatia que rege nossos tempos. E acabaram por chegar à conclusão que o número de compartilhamentos do seu post se explicava pelas pessoas se sentirem acolhidas, porque uma mãe, em um universo de milhares foi a público em defesa do magistério. “Não vejo outra explicação possível”, revelou.
E como desdobramento o grupo criado foi ganhando adesões, “Foi necessário colocar mais pessoas conhecidas para cuidar da moderação e administração, conhecidas nossas ou que se dispuseram para tal, observado o comportamento perante as regras do grupo”, conta.
Em ser apartidário
Lucelaine diz que uma das preocupações era de que o grupo fosse apartidário, mas no sentido de não represar as discussões políticas, isto porque são necessárias e que a decisão em última análise, de aprovação ou de rejeição do pacote de maldades proposto pelo governador Eduardo Leite se dará justamente pelos agentes políticos eleitos, tanto na política de supressão de direitos do governo federal, que agora está sendo estendida aos governos estaduais e logo deverá chegar aos municipais. “Não há como fazer essa desvinculação e ‘inocentar’ nenhuma esfera governamental da tragédia que vive a Educação”, explica.
Destino do Grupo
Quanto aos destinos do grupo, após o desfecho de votação ou retirada do pacote na Assembleia Legislativa são vários as propostas de manutenção da ferramenta, como forma de resistência aos ataques à educação pública.
“Esclarecendo que o grupo não se destina especificamente aos professores, mas a todos aqueles que defendem a Educação Pública, de acesso universal, democrática e inclusiva, conforme dispõe a nossa Constituição Federal”, ressaltou.