Opinião Futebol Feminino

GIL VIGOLO, UMA DAS MELHORES GOLEIRAS DO FUTEBOL GAÚCHO

A atleta representa muitas mulheres que jogam por amor ao futebol

Por Gente Jornal

13/05/2020 às 15:00:53 - Atualizado há
Foto: Arquivo Pessoal

A entrevista de hoje da coluna Damas da Bola é Gil Vigolo, 38 anos, moradora de Caxias do Sul, considerada a melhor goleira do Campeonato Gaúcho de 2019 e dona de uma história muito bonita dentro do esporte no Estado.

Sua trajetória no futebol de campo começou aos 36 anos, antes atuava no futsal em Caxias. Acreditem, no ano que foi considerada a melhor goleira da maior competição gaúcha de futebol feminino ela jogou com o joelho lesionado, em todas as partidas, mas guerreira que é venceu as dores e dentro de campo a cada jogo se tornava quase instransponível para as atacantes adversárias, e além disso é uma liderança muito positiva para seu time, sendo a capitã da equipe.

Abaixo vocês vão conferir uma história lindíssima de uma super atleta e irão entender a dificuldade de jogar no interior do  estado conciliando serviço, dona de casa, faculdade e treinos, Gil Vigolo representa muitas mulheres que jogam por amor ao futebol por todo o Rio Grande do Sul.

Gil Vigolo, você tem experiências em várias modalidades esportivas, qual esporte você começou a fazer primeiro?

Comecei nos jogos escolares, primeiro atletismo, também joguei vôlei e futsal, retornei a jogar regularmente em 2004 depois de ter me tornado mãe (Gil tem uma filha chamada Pietra com 18 anos de idade).

Quais clubes defendeu no futsal?

Joguei futsal pelo Santa Catarina, Juventude e MGA todos de Caxias do Sul, sendo três vezes Campeã Gaúcha .

Como é ser mãe, fazer faculdade, trabalhar e ainda arranjar tempo para treinar?

Então, trabalho na logística no Grupo Randon, a maior empresa de Caxias do Sul, realmente o tempo se torna pouco para tantas atividades, a faculdade faço nos dias que não tenho treino e as vezes a tarde, na sexta-feira saio da faculdade às 19 horas e vou pro treino que é às 20 horas em Farroupilha, em relação a filha, hoje ela tem 18 anos e como moramos somente eu e ela , ela já tem suas responsabilidades e me deixa mais tranquila.

Qual faculdade está cursando?

Antes fazia Administração, agora passei no Instituto Federal e faço Engenharia Metalúrgica.

Como foi seu inicio no campo defendendo o Brasil-FA, sentiu dificuldade em se adaptar a grama?

Realmente em 2017 quando migrei para o campo tive várias dificuldades, acredito que com tempo de bola, tamanho das traves, noção do espaço, mas aos poucos fui me adaptando , mas até hoje ainda tenho várias dificuldades técnicas.

Em 2019 você se lesionou e muitos achavam que você não conseguiria jogar, mas você não só voltou a jogar como foi uma das melhores goleiras da competição. Qual sensação de ter superado a lesão e ainda ter sido fundamental na campanha do titulo do interior?

Realmente essa foi a maior superação, me lesionei em Julho, antes do Gauchão começar, sentia muita dificuldade para fazer movimentos no joelho esquerdo e muitas dores, mas aí o Campeonato iniciou e decidi jogar mesmo com dor pois almejávamos muito o título do interior onde conseguimos e além disso a vaga no Campeonato Brasileiro Série- A2. No fim do Gauchão fiz novamente uma avaliação médica onde foi diagnosticado uma degeneração do ligamento devido a lesão que não tratei, eu havia tomado a decisão de não jogar mais e ajudar o time de outra forma, mas a oportunidade de jogar um Campeonato Brasileiro seria um sonho, aí fiz um intensivo de fisioterapias e reforços onde me senti bem para continuar jogando.

Para muitos você foi a principal responsável pela vaga inédita do Brasil- FA no Campeonato Brasileiro Série -A2.Para você qual jogo foi o inesquecível nessa campanha?

Então, com certeza a final do interior contra o Oriente de Canoas, temos uma rivalidade e o time de Canoas é muito qualificado, inclusive a goleira delas que é ótima e mais duas atletas hoje fazem parte de nosso elenco no Brasileiro, foi um jogo onde botamos muita garra até o último minuto, depois comemoramos muito a conquista.

E como foi jogar contra a Chapecoense na estréia doBrasileiro Série-A2, apesar de ser experiente ficou nervosa?

Apesar de ser experiente, jogar campeonatos como o Brasileiro, inédito pra mim e pro clube mexe com os ânimos, com certeza estava nervosa, e o que mais me deu segurança foi que no segundo minuto de jogo eu defendi um penalty, eu pensei “hoje o jogo está pra nós” ( O Brasil de Farroupilha estreiou vencendo a Chapecoense fora de casa por 2 x1 )

Quais dias da semana vocês treinam? Todas as atletas moram na região

mesmo?

Treinamos a noite nas quartas e sextas no campo do clube, mas diariamente treinamos na academia, cada atleta na sua região, temos atletas da Serra, além de Farroupilha, Caxias do Sul, Flores da Cunha, Carlos Barbosa e gurias de fora da região como Estrela, Florianópolis, Chapecó, Guaíba, Porto Alegre, algumas moram num alojamento cedido pelo clube.

Esse ano mudou o treinador do Brasil, chegou o Luciano Almeida, conseguiram assimilar bem as idéias dele?

Luciano é um cara muito inteligente e dinâmico, realmente tivemos e ainda temos dificuldades em assimilar a proposta dele, mas aos poucos vamos se encaixando.

E quais as pretensões do Brasil no Campeonato Brasileiro Série A-2?

Almejamos representar bem o Rio Grande e conseguir a classificação para as oitavas de finais, mas nossa chave é muito forte se não for a mais forte.

Como manter a forma durante essa parada?

Temos o grupo de Wathsapp que nos comunicamos para dividir formas de treinar em casa, uma das meninas é personal e nos ajuda. Agora já foi liberada as academias por aqui, aí melhorou e nós goleiras estamos fazendo trabalho individual no campo.

O Brasil trabalha com categoria de base?

Sim, a base tem bastante meninas que treinam duas vezes por semana a tarde, mas esse projeto ainda está mais pra longo prazo.

O Brasil paga salário a alguma atleta?

Não, eles concedem uma ajuda de custo, pra algumas pagam mais, outras pagam menos, mas salário não. Nosso clube ainda é pequeno. E o pessoal que poderia apoiar mais como apoiam o futebol masculino não ajudam muito, ou ainda não acreditam no futebol feminino, aqui na Serra acho que é um pouco cultural. Mas nós sempre fazemos eventos como almoços e rifas pra podermos ter caixa para jogar o Gauchãoe agora o Brasileiro.

Qual atacante mais difícil enfrentou até hoje?

Com certeza foi a Fabi Simões, atacante do Internacional.

E qual atleta você mais admira no futebol feminino?

A goleira Bárbara pela persistência.

Ficha Técnica

Nome: GilvanaVigolo

Idade: 38 anos

Altura :1, 72

Peso:67 kg

Clube: Brasil de Farroupilha

Por: Cléo Moura

Fonte: Redação GJ
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