Nesta sexta-feira, 26, o programa Pânico recebeu André Porciuncula, secretário Nacional de Incentivo e Fomento à Cultura. Atual responsável pela Lei Rouanet, ele falou sobre a polêmica envolvendo o filme Marighella, de Wagner Moura, e o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), órgão financeiro que também coordena. “Ele pegou dinheiro público, para mim é muito claro. Minha crítica não é pessoalmente ao Wagner Moura, apesar de achar muito chato o Capitão Nascimento estar indo para o MTST comer marmitinha gourmet. O cara não está mais escrachando noiado, está do lado dos noiados? Aí é complicado, né. Minha crítica em si é a seguinte: ele pegou dinheiro público, não pode ser usado aleatoriamente, é dinheiro meu e seu. Há valores que envolvem a aplicação daquele dinheiro. É um escárnio pegar dinheiro do fundo setorial de audiovisual e aplicar num filme propagandista de um terrorista.”
O secretário ainda explicou a diferença entre as políticas de aplicação da Lei Rouanet e do FSA. “Há ferramentas legais diferentes, não posso fazer análise subjetiva de projetos na Lei Rouanet. No fundo da setorial do audiovisual, colocando dinheiro direto, faço política assumindo o que acho que precisa ser reforçado. Isso é política pública. Na Lei Rouanet, o que posso fazer é, por exemplo, portarias dando prioridade na aprovação de projetos. Se a acusação é que estamos governando, nós estamos governando. É muito tempo de hegemonia pesada de esquerda. Criou-se a ideia que, nesse espaço que a direita está tendo, é um crime que ela imponha suas políticas públicas. O que eu estou fazendo é uma política pública no meu sistema de valores. Eu não estou fazendo mega esquema de corrupção, aparelhando o congresso. Essa retórica tenta inviabilizar a ação de governar.”
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No cargo de fomento à cultura desde setembro do último ano, Porciuncula contou sobre os seus desafios na secretaria. “A primeira coisa que fiz foi verificar como era o fomento, e me deparei com mais de 20 mil projetos e 13 bilhões que a gente não sabe se foi realmente colocado em cultura. Não se fazia política de cultura no Brasil. Onde esse dinheiro ia parar, quem captou esse dinheiro?”, questionou. Para ele, a cultura é ampla e vai além de grandes nomes do entretenimento. A cultura é importantíssima, há uma ideia equivocada nesse discurso, a cultura é ampla, um escopo muito maior que a atividade artística. Cria um conceito de classe, a pluralidade de artistas no brasil é gigante, agora falar de uma minúscula elite do ‘Projaquistão’ é outra coisa.”
Confira na íntegra a entrevista com André Porciuncula:
JP