Negros e pardos compõe cerca de quase 50% da nossa população, conforme IBGE.
Negar o racismo estrutural e institucionalizado, recentemente, no país é de uma brutalidade e de uma canalhice indefensável.
Só nega o racismo quem nunca o sentiu, realmente, na pele, ou seja, brancos. Nega o racismo quem quer adular uma elite tacanha e exploradora, quem não deseja ser negro, quem não considera negro um semelhante. Todavia, o fato de não aceitar a negritude do outro e a questão de todos sermos humanos – já é um ato racista, mesmo que não expresse para o grande público.
Somente um negro sabe o que é ser seguido por guardas de lojas e shoppings, simplesmente, por causa de sua cor; somente o negro sabe a luta que trava contra uma sociedade que considera que a abolição foi um prêmio.
O negro nunca deveria ter sido escravizado, porém o foi. Sua liberdade, no ato da abolição, deveria ter sido plena, ou seja, além de terem liberto, deveriam ter dado oportunidades de emprego, estudo e trabalho.
A negritude brasileira vem lutando há décadas para superar os seus próprios limites e os estipulados por uma sociedade branca privilegiada. Veja, caro leitor, nos bancos universitários – em uma sala de 40 alunos há, quando muito, dois negros.
Quantos juízes negros temos no país? Quantos promotores negros temos? Quantos ministros do governo federal são negros? Quantos Deputados, quantos ministro dos tribunais superiores, quantos senadores negros temos?
Vamos além, quantos prefeitos e vereadores negros há em toda a extensão territorial do Brasil? Lembremo-nos que o país é uma miscigenação e foi construído por negros e índios e que, embora os movimentos negros sejam minorias, negros e pardos compõe cerca de quase 50% da nossa população, conforme IBGE.
Quem é da área de letras ou de comunicação sabe, ou deveria saber, sobre a disciplina e a ciência da SEMIÒTICA. Semiótica estuda os signos e significados. Um dos objetos de estudo é o racismo incrustado em nossa sociedade. Há estudos e análises de que um homem branco, usando terno, é tratado com galhardia, respeito e pompa pela sociedade – mas ao saberem que tal pessoa pode ser um estuprador, assassino, sequestrador, traficante, as pessoas ficam pasmas e perplexas. O mesmo ocorre ao enxergarem um negro de bermuda, sandália e camisa regata – o primeiro ato é olhar com desconfiança e ativar o seu senso de segurança, o seu sentido de perigo instantaneamente, mas ficam pasmas ao saberem que aquela pessoa é um jurista, um advogado, médico, padre, bispo e integrante da alta cúpula social do país.
Negar o racismo estrutural e institucionalizado, por um governo genocida, homofóbico e machista, é de uma canalhice sem precedentes.
Por fim, o mais impactante é ver negros negando ou relativizando o racismo no país, podemos lançar a tese de que é a versão do século XXl da figura do capitão do mato. Aliás, negros, pobres, LGBTQI+ e servidores públicos de direita são o verdadeiro esteriótipo de capitão do mato moderno.
Por: Mauricio Campos