O RECADO DAS URNAS FOI BEM CRISTALINO

Nas eleições municipais como um todo a esquerda saiu vitoriosa, fato que surge como resposta a uma direita incompetente, autoritária, escravocrata e excludente. Em São Paulo, Boulos foi para o segundo turno; na capital dos Gaúchos, Manuela D` Avila/PC do B. Cito, somente estes dois exemplos, pois ao avaliarmos as siglas PSOL e PC do B  respectivamente e voltarmos nossos olhos para análises frias e históricas da política nacional - veremos que elas sempre foram coadjuvantes e não protagonistas do ato político.

Bolsonaro teve, em 2018, uma vitória sobre o PT, porém uma ínfima vitória, pois Fernando Haddad foi para o segundo turno e perdeu por apenas 10% - isso tudo com o desgaste que o PT sofreu.

Desgaste do tipo: Lula preso e Dilma deposta. Mesmo assim, a esquerda e o PT obtiveram vitórias importantes e, diga-se de passagem, mesmo perdendo as eleições, saíram os maiores vitoriosos naquele pleito. Lembremo-nos que o PT foi para o segundo turno em grande parte dos estados, elegeu a segunda maior bancada no congresso e, na maior parte das assembleias legislativas, elegeu a maior bancada de Deputados Estaduais.

Bolsonaro e sua trupe ou equipe não souberam ler e interpretar as urnas, o presidente seguiu metendo os pés pelas mãos, fazendo declarações estapafúrdias, perseguindo opositores e quem discordava dele; seguiu atacando a imprensa, a classe trabalhadora e os servidores públicos – mostrando que não está a serviço da nação, mas de uma elite pequena, medíocre, parasitária e autocrata.

Jair Bolsonaro teve a pachorra de declarar que não iria ajudar estados e municípios que fossem governados pela esquerda, teve o disparate de afirmar que não há mais corrupção em seu governo, ou seja, ele não governa para todos e considera estar em uma guerra contra quem discorda dele – basta ver a cruzada que estão fazendo contra o ex- ministro Moro, o ex – ministro Mandeta, a Deputada Estadual de São paulo, Janaína Paschoal e a Deputada Federal, Joice Hausseman.

Pois bem, caros leitores, Bagé não foi diferente do cenário nacional, porém Bagé teve dois vencedores – Divaldo Lara e Luiz Fernando Mainardi. Como assim? Simples.

Mainardi perdeu as eleições, mas saiu vitorioso, pois fez com que o PT e sua aliança aumentassem a votação e percentagem, conseguiu tirar 25% dos 75% que o PTB teve em 2016 – dos votos válidos. O PT aumentou sua bancada para 4 vereadores e a oposição, em tese, ficará com 6 parlamentares, são eles: Caio/PDT, Ruben Salazar/PT, Caren Castencio/PT, D`Julia/PT, Lelio Lopes/PT e Beatriz Souza/PSB.

Divaldo ganhou o pleito com 50% dos votos válidos; perdeu 25%, perdeu vereadores, pois hoje a bancada governista tem 14 dos 17. Agora, em tese, ficou com 11. Todavia, Lara foi vencedor por dois motivos. 1 – venceu o pleito, fato incontestável – embora Bolsonaro e Trump coloquem suspeições sobre o sistema eleitoral; 2 -  Divaldo Lara levou um pleito polarizado e com os ânimos a flor da pele, superou todo o seu desgaste político e pessoal; lembremo-nos que ele foi afastado do cargo por 180 dias, teve dois secretários municipais impedidos de adentrar no paço municipal e na câmara de vereadores, sofreu dois pedidos de impeachment por parte da atual bancada de oposição e dois pedidos de impugnação de sua candidatura pelo MP – Ministério Público.

Portanto, caros internautas, Bagé teve dois vencedores – a esquerda e a atual situação. No entanto, a direita bolssonarista tem que rever seus conceitos e suas estratégias, pois, mais uma vez, não estão sabendo interpretar as urnas – principalmente Bolsonaro.

O presidente tem que rever posição, postura e estratégias. O líder da nação não pode governar, somente, para alguns e defender uma elite excludente – caso continue assim, daqui a dois anos, veremos ele, como derrotado, solicitando recontagem dos votos.

Os EUA já deram o recado que o extremismo conservador não tem mais vez, mostrou que os conservadores são desonestos e procuram ver, somente, seus interesses; o Chile acaba de aprovar uma nova constituinte; a Argentina acaba de aprovar a taxação sobre grandes fortunas. Lembremo-nos que o país vizinho foi o primeiro a rechaçar o conservadorismo de extrema direita.

Concluo afirmando que, embora, Divaldo Lara tenha saído vitorioso em Bagé/RS – a urna foi bem clara, ou seja, terá mais uma chance de rever seus conceitos, posições político – administrativas e de gestão. Ficou claro que a população não quer ver aqueles inúmeros Ccs destemperados, esquizofrênicos e desqualificados atacando, desacreditando e desqualificando quem cobra, quem critica e quem é oposição; ficou cristalino que a população quer que o prefeito dialogue, em pé de igualdade, com o parlamento e que o servidor público seja mais valorizado.

A população deu um voto de confiança ao PTB – voto de esperança na barragem e de que venham indústrias para a cidade e região, pois estas sim, diferentemente de lojas forasteiras que vão gerar desemprego e quebradeira, vão alavancar a geração de emprego, a economia e renda da campanha.

Por fim, o recado foi dado e foi cristalino, o recado foi que daqui a dois anos Mainardi vai se reeleger com rebenque em pé à Assembleia e que daqui a quatro (4) anos será o prefeito, independentemente, de quem vier pela situação; o recado também deixou claro que Divaldo Lara se elege ao que quiser daqui a dois anos ou a posteriori o seu segundo mandato como prefeito, todavia tem que reavaliar questões como as citadas acima.