Com 16 anos já é considerada uma revelação do futebol feminino no RS
A entrevistada da coluna Damas da Bola é a atacante das Minas de Candiota, Rayssa Oliveira Rosa de apenas 16 anos de idade e que reside na Fábrica de Cimento, bairro da cidade de Pinheiro Machado.
Considerada uma das principais revelações da equipe desde 2019, Rayssa é a titular da camiseta número 09 da equipe Sub-16 e adulta, tendo em sua carreira enfrentado Grêmio e Internacional e inclusive despertado o interesse da equipe colorada, onde Rayssa iria passar por uma semana de treino em abril, porém devido a pandemia o seu sonho foi adiado, ela agora está se recuperando de uma lesão que atrapalhou seu desempenho no Citadino em Candiota, mas mesmo com a lesão ela contribuiu para a João Emilio chegar a decisão da competição.
Na entrevista abaixo vocês irão poder conferir um pouco de sua trajetória desde o início na equipe de futsal do Lika da cidade de Pinheiro Machado até agora, onde Rayssa é considerada por muitos como uma das principais atacantes na sua categoria dentro do Rio grande do Sul.
Com que idade você viu que gostava de jogar futebol?
Comecei a me interessar com uns 10 anos, jogava sozinha no intervalo da escola, minha mãe não deixava eu ir jogar na quadrinha pois eram só meninos que jogavam e eu era muito novinha. Depois com uns 12, 13 anos que comecei a jogar em escolinha.
Qual escolinha começou? Eram somente meninas?
Na época eu conhecia algumas meninas que jogavam na escolinha da Aninha, então comecei jogando lá, sempre tinha alguns meninos para completar o time. Logo depois comecei a jogar no Lika futsal, onde jogo até hoje, treino com o time masculino dele também.
Treinar junto com os meninos te ajudou a evoluir?
Com certeza. Onde moro praticamente não tem meninas que jogam, sempre joguei com os meninos e por um lado até prefiro jogar com eles. Porém, tem muitos meninos que tem preconceito em jogar com meninas, pois acham que são mais frágeis e que não tem capacidade de jogar com eles. Mas aqui nunca tive esse problema, pelo contrário, sempre jogaram comigo como se eu fosse "um deles", sem diferenças e eu acho que é isso que ajuda bastante.
Como aconteceu a sua chegada para o time da João Emilio?
Desde que fiquei sabendo sobre o time já tive interesse em participar, mas nunca fui a nenhuma seletiva para entrar. Depois de um tempo o próprio treinador Cléo me ligou, disse que alguém tinha me visto jogando o Citadino em Candiota e que eu jogava bem, nisso o Cléo me convidou para participar do time. Depois já comecei a jogar no time e fui muito bem recebida pelo treinador e pelas meninas, realmente esse time é uma família.
Como foi essa sua adaptação ao futebol de campo?
Pra mim foi bem difícil, pois não sou acostumada a jogar em campo, sempre joguei em quadra. São duas coisas muito diferentes, no campo exige muito mais preparo físico, temos bem mais liberdade para jogar, muitas vezes com o sol forte e com chuva o que acaba dificultando mais ainda. Sou muito exigente comigo mesma, acho que tenho muito a aprender e melhorar ainda.
E disputar um Campeonato Gaúcho é diferente? Qual é a sensação de jogar contra Grêmio e Internacional?
É diferente sim, nunca nem tinha passado pela minha cabeça que iria disputar um Gauchão. Sobre jogar contra o Grêmio e Internacional foi uma experiência maravilhosa, sempre admirei elas, principalmente as gurias do Inter. Os jogos contra elas sempre foram muito difíceis, principalmente na categoria adulta, pois são times muito diferentes da nossa realidade, são muito bem preparadas fisicamente, treinam todos os dias. Nós já temos mais dificuldades de nos reunirmos para treinar, são meninas de várias cidades diferentes. Mesmo com todas as dificuldades que enfrentamos cada uma sempre dá o seu melhor.
Você com 15 anos jogou um Campeonato Gaúcho adulto. Não dá um pouco de receio jogar contra atletas muito mais forte fisicamente?
Um pouco sim, pois sempre eram maiores e mais experientes que eu, mas isso faz parte, sempre tentei dar o meu melhor e jogar de igual para igual, nunca deixei de disputar a bola por medo disso.
Qual a sensação de fazer um gol que valeu a classificação da equipe sub-16 contra o Riograndense em Rio Grande?
Foi muito inesquecível aquele dia, fiquei muito feliz em poder ajudar a equipe a se classificar. Posso dizer que foi um dos jogos que mais me senti a vontade e me entrosei com o time, foi um bom jogo da João Emílio.
Quais jogadoras você é fã?
Admiro muito a Marta pela sua trajetória de vida, creio que ela seja inspiração para muitas meninas. Gosto da Alex Morgan também, sempre que posso acompanho os jogos dela.
Jogar no Internacional é um objetivo?
Sim, para mim que sou colorada fanática com certeza seria um sonho jogar no Internacional. Mas sei bem o quanto é difícil, pois tem muitas meninas que são muito talentosas.
Você acabou se lesionando no ano passado, é muito difícil lidar com a lesão e ficar sem poder treinar?
Sim, para mim é muito triste ter que ficar sem fazer o que mais gosto. Fiquei um tempo sem jogar, depois voltei achando que estava tudo resolvido, porém, voltei a sentir muita dor no pé. Nessa quarentena nem os exercícios físicos que foram pedidos pelo preparador físico do time não deu para fazer. E agora que está voltando o futebol, estou fazendo tratamento e não estou podendo jogar ainda, espero melhorar o mais rápido possível.
Quais os teus pontos fortes dentro de campo e o que precisa melhorar?
Acho que a agilidade e o chute. Tenho muita coisa para melhorar ainda, mas acho que o principal seria melhorar o meu posicionamento dentro de campo, ter mais visão de jogo e mais vontade.
O que a João Emilio significa pra você?
Significa uma equipe que eu admiro muito pela força de vontade e determinação. Um time que sempre está dando oportunidades para diversas meninas. João Emílio é uma família para mim.
Ficha Técnica
Nome: Rayssa Oliveira Rosa
Altura:1,62
Peso: 58 kg
Posição: Atacante
Por Cléo Moura
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