Vejo com muito medo a religião aproximando-se da política e do estado
Vejo com muito medo a religião aproximando-se da política e do estado. Nada contra políticos professarem sua fé (seja ela qual for) e agirem conforme seus ensinamentos.
Tal fato nos remete a idade média, período onde o estado era controlado pela igreja e por seus interesses; a igreja e o estado fizeram atrocidades em nome de Deus. Em nome do santíssimo escravizaram, mataram, torturaram e excomungaram pessoas – basta ver as cruzadas e a santa inquisição.
Lembremo-nos que, em nome de Deus, pátria e família, destitui-se um governo, na década de 60, para instituir o autoritarismo; governo militar que dizimou milhares de pessoas. O nazismo falava em nome de Deus, pois Hitler acreditava estar a serviço do santíssimo senhor ao dizimar e torturar milhares de pessoas e etnias. Santa Joana D`Arc foi queimada viva em nome de Deus; artistas, escritores, leitores, atores e críticos foram condenados a morte por questionar a santa igreja e o estabelecimento da época.
Na década de 60, um medo infundado do comunismo trouxe o inferno a terra, principalmente, no nosso país - dezenas de cristãos e religiões reivindicando a destituição de um governo popular afim de instituir o autoritarismo e a tortura. No ano de 2018, a história se repete – centenas de pessoas, que se dizem religiosas, exortando e fazendo apologia a um candidato que é o próprio demônio na terra, pois faz discurso de ódio, incita aglomerações em época de pandemia, é homofóbico assumido e machista ao extremo, sem falar no racismo destilado quase que diariamente.
Pois bem, caros leitores e internautas, trago esta reflexão porque estamos em ano eleitoral e está surgindo dezenas de candidatos em nome de sua fé, alguns candidatos pregando ser cristãos, mas será que são confiáveis?
O cristianismo, em si, não prega a homofobia, o machismo, o racismo, o ódio e o fomento ao desemprego, exploração e subempregos. Será que tais candidatos são, verdadeiramente, cristãos?
Em nenhum momento pretendo ofender alguém ou atacar alguma instituição, pois sou católico assumido – o que quero é trazer uma reflexão para que não venhamos a cometer erros atrozes em prol da boa política e da ética.
O fato de ser cristão - não significa ser ético e o fato de ser ateu - não significa ser antiético. O fato de ser esquerda, socialista, comunista ou petista - não significa ser o anticristo na terra ou o mal. Assim como o fato de ser capitalista e de direita – não significa ser o mal encarnado na terra.
O político pode ser e deve ser religioso e professar sua fé (seja ela qual for). O religioso deseja religar os homens e a sociedade. A política é a ciência de bem servir e de dar dignidade ao povo; a esquerda, em tese, é o que mais se aproxima do cristianismo, pois visa o bem comum - visa o fim da exploração, o fim do subemprego e do desemprego. Basta ver os últimos governos – ditos de esquerda – tiraram centenas de pessoas da miséria, colocaram os pobres nas faculdades e escolas técnicas, além de estabilizarem a economia; já, grande parte dos governos de extrema direita prezam por concentração de renda e exploração, pois enriquecem poucas pessoas e deixam 90% da população empobrecida, basta analisar o que o atual governo esta fazendo – reforma previdenciária, tributária e defendendo uma reforma onde vai gerar medo, desemprego, perseguição e corrupção – a reforma administrativa. A quem interessa tal reforma?
Lembrem-se da frase de Paulo Guedes: A doméstica estava indo muito a Disney- era uma farra.
Lembrem-se, também, da recente frase do Ministro da Educação: Professor só escolheu esta função porque não sabe fazer outra coisa ou não deu certo em nada na vida.
Trago esta reflexão para você analisar bem o candidato que se diz Cristão, espírita, umbandista, judeu, Hindu, budista e etc. Ele realmente pratica o que prega? Ele defende e se alia a políticos e lideranças que querem o bem comum – a dignidade humana, emprego para todos, educação para todos, o fim da miséria, da fome, do desmatamento e do desemprego?
Embora a esquerda tenha feito excelentes políticas públicas de inclusão a fim de dar dignidade humana, ela pecou pela ganância e soberba. Lembremo-nos dos escândalos de corrupção que assolaram o governo Lula – mensalão. Lembremo-nos do escândalo de corrupção, que muitos afirmam ter sido golpe, que assolou o governo Dilma e culminou na sua derrocada – Lava Jato.
Será que Deus quer, realmente, intervir na política? Se quisesse – teria feito durante o império romano, no entanto, afirmou: Dê a Cesar - o que é de Cesar e a Deus - o que é de Deus.
Deus nos deu o livre arbítrio, portanto cabe a nós escolher, através de análise minuciosa, quem será nosso representante no parlamento e quem vai gerir os nossos impostos. Deus não impõe e não condena; ele nos dá o direito de escolha e, certamente, não vai nos condenar ao mármore do inferno por sermos direita ou esquerda – desde que tenhamos sinceridade e coração puro em prol da dignidade do nosso semelhante.
Pense nisso, caro leitor e internauta. Analise para não cair no conto do vigário e votar no mensageiro do apocalipse transvestido de religioso ou enviado divino (seja de qual lado for).
Por: Mauricio Campos