Opinião Futebol Feminino

IRMÃS INDI E TCHU FOCADAS NO FUTEBOL E COM FORTES LAÇOS DE FAMÍLIA

As irmãs são laterais de muita qualidade e formam o sistema defensivo na equipe de Canoas

Por Gente Jornal

30/06/2020 às 12:16:08 - Atualizado há
Tchu sua mãe Ivonete, Indi e sua irmã Naira faltou na foto o pai seu Dinho / Foto: Arquivo Pessoal

A coluna Damas da Bola inova e traz para vocês leitores uma entrevista com duas atletas as irmãs laterais do Oriente de Canoas Indi e Tchu, escolhi essa foto para representar elas por causa dos fortes laços de família, que fica evidente na fala de Indi, abaixo.

Nessa foto meu pai (Seu Dinho) não esteve presente por ter que acompanhar nosso jogo no hospital, no período que ainda estava em recuperação da cirurgia cardíaca. Foi um dos jogos mais difíceis, onde o psicológico cobra mais que o físico. Foi um momento delicado, no qual foi difícil segurar a emoção dentro de campo, mas graças as nossas companheiras de time principalmente a Shirlei, Dani e seu Maia que me deram mais força nesse momento. É claro o apoio que eu e a Tchu, nós dávamos. Mas tivemos todo o apoio de deixar os problemas de lado e se entregar no futebol, como uma forma de ele se orgulhar de mim. Do meu desempenho e capacidade psicológica para encarar os momentos difíceis que todos nós passamos na vida. Descrevo o momento como um período de superação, amadurecimento e desafio. Onde a família Oriente foi fundamental para meu desenvolvimento como atleta e como pessoa.

Além dos laços de família tanto Indi como Tchu são laterais de muita qualidade e formam um grande sistema defensivo na equipe de Canoas, abaixo vocês vão conferir a entrevista das irmãs.

Com que idade vocês começaram a jogar futebol?

Indi- Dei início às atividades esportivas aos cinco anos, no qual jogava em times mistos com homens e mulheres adultos, em um campinho próximo de casa, onde nos reuníamos quase todos os finais de tarde para nos divertir. O campo de futebol foi feito num espaço onde era utilizado para pastagem de animais, desnivelado e com capim duro.

Tchu- Sempre tivemos esse contato com a bola, acompanhando meus pais nos jogos deles. Tanto meu pai, como minha mãe jogaram. Crescemos nos campinhos perto de casa, jogando com os primos, tios e amigos. E a primeira escolinha que participamos foi com 11 anos, uma escola conveniada do Grêmio aqui na cidade mesmo, por ter poucas meninas, treinávamos junto com os meninos.

Quando que vocês começaram a defender o Oriente e como isso aconteceu?

Indi- Iniciei a última peneira para avaliação do Oriente no ano de 2017, no qual fui avaliada no campo do Cecove em Porto Alegre, e passei para a nova fase de avaliação que durou três meses no total. A partir daí, construí um grande vínculo com toda a equipe, e foi a partir dessa junção que construímos um grande grupo, uma família pela qual, temos maior orgulho.  Sinto que fiz a escolha mais certa da vida, quando escolhi esse time para representar.

Tchu- Início de 2017, apareceu essa oportunidade de jogar campo. Ficamos sabendo através de uma amiga que um clube montaria um time para jogar o gauchão daquele ano. Como fazia muito tempo que não tínhamos mais contato com o campo fomos ver se conseguíamos nos adaptar logo. Com muita dedicação e treino conseguimos e passamos a fazer parte do Sport Clube Oriente.

Quais as suas profissões?

Sou massoterapeuta há quatro anos e trabalho na área da saúde em Gravataí há um ano. Curso de Fisioterapia e essa paixão só cresce quando me projeto para dentro e fora de campo, prevenindo, tratando e reabilitando atletas.

Tchu- Sou Professora estagiária na Escola de Futebol do Grêmio FBPA, desde 2019. Trabalho com meninos de cinco a 15 anos e meninas de 12 a 16 anos, na área da iniciação.

Quais jogadoras vocês são fãs?

Indi- Sou fã da jogadora Tamires da Seleção, ela é minha referência, apesar da mesma posição, mas não foi por esse motivo, eu amei conhecer a história dela no futebol e ela me inspira a ser melhor em campo e na vida, com sua humildade, determinação e pela mulher forte que és. Dentre as atletas que já tive como adversária, tenho maior admiração pelo futebol e humildade das meninas da dupla grenal, Juliana (Grêmio) e Sasha (Internacional) jogam demais. Das meninas do Oriente, não poderia escolher uma, pois tenho maior admiração por todas elas que me motivam a ser melhor e dar o meu melhor. Nós completamos uma a outra, e jogamos de forma coletiva, usufruímos do que temos de melhor de forma coletiva. Somente o sentimento de amor pelo clube é singular.

Tchu- Sou fá de todas as mulheres que lutam e buscam seu espaço dentro desse esporte que traz tanta alegria e aprendizado para o ser humano.

Lembram de uma história engraçada nas viagens do Oriente?

Indi-Teria várias para contar, mas a melhor foi a de um amistoso no Uruguai, pelo qual passamos por uma viagem muito cansativa, num dia de muito calor, fazendo 39 graus, com sensação bem maior. No qual não víamos a hora do final da partida e no retorno ao vestiário no final da partida, sem ter combinado, nós jogamos fardadas em uma banheira que continha no vestiário. Foi o momento mais divertido e marcante da viagem.

TChu-Lembro de uma vez que fomos jogar no Uruguai e estava fazendo muito calor, uns 42 graus naquele dia. Chegamos bem cedo no estádio e tivemos que ficar deitadas no chão do vestiário, que era o único lugar mais fresco. Depois do jogo quando já estava com uma temperatura mais agradável e que passamos todo o sufoco procurando um lugar menos quente descobrimos que havia uma banheira nesse mesmo vestiário, que poderíamos ter usado para nos refrescar antes do jogo (risos), de raiva usamos elas mesmo assim.

Qual ojogo inesquecível de vocês ?

Indi- O jogo mais marcante e infeliz pra mim, sem sombra de dúvida, foi a disputa do terceiro lugar no Campeonato Gaúcho, pelo qual fui expulsa injustamente em cinco minutos de jogo.  Até hoje, falar sobre essa partida é difícil pra mim, sofri a cada minuto e segundo percorrido no jogo. Mas foi gratificante no que diz respeito ao ver a superação, pela luta e determinação da minha equipe em querer suprir e cobrir minha posição de forma que isso não as prejudicasse durante o jogo. Eu vi mulheres guerreiras que não fogem da luta, se doando da forma mais linda e leal. Vi a emoção no olhar de cada um. Percebi a sincronia desse grupo e a união vencendo todos os obstáculos. Apesar da batalha ter sido perdida, a guerra jamais.

Tenho orgulho de dizer que sou Oriente e tenho orgulho das mulheres fortes e determinadas, que formam esse plantel.

Tchu- Em 2017, quando jogamos contra o Internacional no estádio da PUC. Infelizmente perdemos aquele jogo por 1 x 0. Mas que ficou marcado pela excelente dedicação e desempenho do grupo.

Como é jogar junto com a tua irmã?

Indi-É uma honra inenarrável, ela me orgulha, me dá forças, me motiva, me critica, chama minha atenção, me vaia quando erro , mas me auxilia no momento da correção deste. Literalmente, ela é minha perna direita, ela é quem mais me motiva a lutar e correr atrás daquela bola que parece impossível alcançar. E quando me deparo com dificuldade no jogo, sei que ela estará me apoiando e me lembro que tenho ela do meu lado, por pelo menos dez metros que nos dividem em campo. E vem aquela imagem de fotografia, da gente de mãos dadas sorrindo na estrada. Não importa as circunstâncias, nós sempre teremos uma a outra.

Tchu- No inicio do Oriente disputávamos a lateral direita, coisa que era ruim e ao mesmo tempo bom. Pois sabia que se eu não entrasse em jogo, quem ocuparia meu espaço faria o melhor e até mais. Mas depois isso mudou e passamos a estar juntas, uma de cada lado do campo. Ter a oportunidade de compartilhar esses momentos, trocar idéias e ter esse alguém para apoiar e motivar dentro e fora do campo é muito bom.

O que significa jogar no Oriente?

Indi- O verdadeiro significado, se resume em três palavras; respeito, amor e família. Essas palavras definem a verdadeira emoção de ser orientista. Respeito é nossa maior virtude, tanto em meio ao departamento atleta, comissão atleta e demais auxiliadores, como respeito a nossos adversários. Somos um clube amador, mas leal e transparente. Família é família não é mesmo? É no clube que me sinto a vontade, me sinto em paz, e feliz, rodeada de pessoas que amo e que apoiam dentro e fora de campo. É através dessa família que tiro meus maiores aprendizados e vivências e quem acha sua família é só para acolher, essa família também ensina, te faz refletir, te faz repensar atitudes e faz críticas construtivas que são necessárias para todas nós e nosso crescimento. Amor, amor. Pelo que se faz e pelo que és. Amor na atitude, na decisão, na colocação de palavras, no tratamento, no se pôr no lugar do outro, na sororidade. Amor pelo próximo e pelo futebol que nos aproximou por esse amoooor.

Tchu- É sensacional a forma que essa família foi construída e mantida, por pessoas do bem que lutam pela modalidade. A camisa que vestimos tem muito peso, peso de 25 gurias comprometidas e dedicadas, que largam suas famílias e muitas percorrem 100 km para treinar e jogar uma pela outra. Com certeza me trouxe muita felicidade e orgulho de fazer parte desse time.

Qual atacante mais difícil já marcaram?

Indi- A mais difícil com certeza foi a Shasha do Internacional, muito habilidosa e velocista.

Tchu-Acredito que a atacante do Grêmio Eudmilla, uma menina nova, rápida e muito habilidosa.

Quais seus pontos fortes?

Indi- Creio que meu espírito de liderança, minha entrega de 110% e a competitividade. Que isso me gera uma vontade maior de vencer e lutar como o jogo fosse uma guerra. Não aceito a derrota, se eu não der o melhor de mim. Sou autocrítica e sofro quando não desempenho o que está dentro de minha capacidade.

Tchu- A parte defensiva.

Ficha Técnica

Nome : Tainara Emanueli Walker Nunes (Tchu)

Idade: 23 anos

Altura:1,63

Peso: 58 kg

Posição: Lateral direita

Clubes: ACBF(futsal), Oriente

Cidade: São Sebastião do Caí

Nome: Indianara Nunes (Indi)

Idade: 24 anos

Altura: 1,56

Peso: 52 kg

Posição: Lateral esquerda

Cidade: São Sebastião do Caí

Por: Cléo Moura

Fonte: Redação GJ
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