ASILOS EM BAGÉ SÃO EXEMPLO DE PREVENÇÃO À COVID-19

Residentes em Instituições de Longa Permanência para Idosos são mais vulneráveis ao novo coronavírus (SARS-CoV-2). Por isso, a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul, em Nota Técnica sobre o assunto, afirmou a necessidade de implementar medidas de prevenção e controle de infecção nesses locais, reduzindo a consequente morbimortalidade. Em Bagé, esses cuidados são seguidos à risca nas casas de acolhimento de idosos, que não registraram quaisquer infectados entre seus albergados.

Na Fundação Geriátrica José e Auta Gomes, a prevenção veio antes mesmo da determinação estadual. “Baseados no que já escutávamos nas notícias internacionais, criamos nosso protocolo para evitar que a doença chegasse até nós. Como era tudo muito novo, fomos radicais em relação às condutas e cuidados”, analisa a assistente social da Fundação, Karen Gonçalves. As normas indicaram, por exemplo, os cuidados diários de higiene do local e dos abrigados, além de restringir as visitações. “Fomos severos em relação ao fluxo de pessoas de fora. Não recebemos ninguém que não fosse funcionário e acredito que esse cuidado nos conduziu ao resultado atual”, afirma Karen.

Diariamente, desde então, os funcionários têm verificadas sua temperatura e saturação de oxigênio. “Se tiverem sintomas gripais, são encaminhados para o médico responsável e só retornam após o resultado do PCR (teste de COVID-19) negativado”, descreve a assistente social. Considerando que trabalham diretamente com pessoas que fazem parte do grupo de risco para o novo coronavírus, a precaução precisa ultrapassar os limites laborais. “Pedimos que levem orientações para suas casas, para que não tenha perigo de que se contaminem fora da entidade e levem o vírus para um lugar tão frágil e vulnerável”, explica.

Conforme Nota Técnica da SES, o necessário distanciamento social pode agravar aspectos de sofrimento psíquico, especialmente em idosos. No caso da Fundação José e Auta Gomes, os idosos – homens e mulheres - têm média de 78 anos e padecem de problemas físicos e psíquicos. Cerca de 90% deles não têm vínculos familiares e são albergados a partir de medidas protetivas do Poder Judiciário e Ministério Público. Já na Vila Vicentina, que abriga 52 mulheres, entre 60 e 104 anos, as visitas seguem suspensas, mas a tecnologia permite contato com o mundo exterior. As chamadas de vídeo são utilizadas sempre que é preciso amenizar a saudade das famílias. Em situações especiais, a “presença” também é permitida, tomados determinados cuidados. “Sabemos que elas sentem falta de acolhimento. Então, quando nos pedem, liberamos que vejam as famílias pela janela. Os parentes ficam no pátio, distanciados, e as internas podem vê-los desde o interior da casa”, explica a assistente social Mayara Farias. Por esse método de distanciamento, as idosas também receberam dois eventos de música, as serenatas, em que canções gaúchas foram entoadas no pátio e ecoaram por toda a casa de acolhimento.

A Vila Vicentina abriga, ainda, senhoras que vivem em casas no pátio da instituição, com certa independência. Para estas, a direção tem proposto um protocolo rigoroso. “Pedimos que saiam somente uma vez por semana para banco, farmácia e supermercado, sempre com máscaras, e elas não podem ter contato com as internas”, informa Mayara. Toda essa atenção rende frutos: testadas duas vezes, a primeira em abril e a mais recente em setembro, nenhuma idosa foi diagnosticada com o vírus.

Bagé iniciou a pandemia como uma das 10 cidades com mais infectados. O baixo índice atual, especialmente em relação à pessoa idosa, é resultado da parceria  estratégica entre município e entidades, segundo o Secretário de Saúde e Atenção à pessoa com deficiência, Geraldo Gomes, que projeta novas intervenções. "Os cuidados são constantes. Na próxima semana, inclusive, os asilos deverão passar por uma desinfecção", garante.